20 de junho de 2011

Rain

Soube que se arrependeria no mesmo espaço de tempo em que fez. Mas não havia uma alternativa. Ela precisava virar as costas, precisava sair andando, precisava não olhar para trás. 
Quando virou a esquina da rua miseravelmente movimentada, deparou-se com a solidão. E amparada por ela, conseguiu convencer seus músculos a se direcionarem contrariamente a fonte de sua felicidade. Eles se recusavam a obedecê-la, mas ela era mais forte, hipocritamente mais forte. 
Seus passos, de início vacilantes e trôpegos, tornaram-se mais fortes e firmes e rápidos. Ela corria, agora. Sentindo o vento passar por seus vias respiratórios, dificultando a já abalada circulação do ar em seus pulmões. Da mesma forma inesperada que começara a correr, ela parou. Sem que suas feições mudassem, sem que algo transparecesse. 
Ficou olhando para o céu, e percebeu que as nuvens fofas de outrora, haviam sido substituídas por tempestuosas nuvens carregadas. Acinzentadas e zangadas. Uma sutil reciprocidade. 
Ela não queria chorar, mas quando a primeira fria gota de chuva atingiu sua bochecha, fazendo um arrepio percorrer-lhe o corpo, suas lágrimas se despejaram para fora.. como se aquela gota gelada, fosse um estopim para a bomba de emoções e frustrações que ela carregava dentro de si. 
A chuva caía agora tempestuosamente. Com seus ruídos e ventania. Devastando tudo o que estivesse desprevenido. Molhando a garota, agora sentada na calçada inundada. Molhando até a sua alma, enquanto as lágrimas a devastavam. 
Todos os que estavam na rua no momento, dissera: Não haverá sol nunca mais. Mas a menina sabia que o sol sempre voltava, sempre. E que a tempestade era apenas uma forma de o céu também sentir dor.