9 de junho de 2014

alive



O lago outrora límpido e claro estava agora repleto de águas turvas, violentas, devastadoras. Era como observar o resultado da condensação do vapor barato de uma alma desesperada, atormentada pela escuridão..Onde antes era poesia e melodia harmoniosas, hoje estão os gritos estridentes de palavras desconexas.. aprisionadas, amordaçadas..

Uma regra básica: Respirar.

"Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu(...)"


..Raso demais para navegar, fundo demais para manter os pés no chão..

Um arco-íris cobre a margem reluzente.. inalcançável, como tem que ser. Adormecer sobre o silêncio dos pesadelos, ver o sangue, sentir o vento.. toda a ordem desfeita para reinventar o caos. Em uma margem o azul, na outra o vermelho.. e no meio do caminho cores demais para se encontrar algum sentido.
A criatura cumpriu sua promessa, me devorou, alma e sanidade, só para que depois pudesse me regurgitar e me atirar nessas águas negras e estranhas nas quais tenho afundado lentamente.. 1 centímetro por dia.. até não conseguir mais ver a superfície.

Um lembrete mental: Continuar respirando.

"(...) Algumas palavras duras,

em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humor?"
...Raso demais para navegar, fundo demais para manter os pés no chão...



Gritos liquefeitos, aromas virando rocha, lágrimas traduzidas em palavras.

"(...)Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas

Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.."

Dorme, criança. Aguarda a tempestade que fará do caos seu ponto seguro, que afogará  o lodo que te cerca e insiste em te submergir.

"(...)E quando chegar a noite cada estrela parecerá uma lágrima. 
Queria ser como os outros e rir das desgraças da vida ou fingir estar sempre bem.."


sobre respirar.. eu não sei.
sobre tentar.. eu falhei.

Ainda pulsa.. ainda treme.. ainda dói. Mas até quando?

..Raso demais para navegar, fundo demais para manter os pés no chão...


Porque tudo que é vivo, morre.



14 de março de 2014

about love


Quando seus olhos se encontraram com os meus a sua íris em forma de fera e cores de sonho, me devoraram lentamente. 
Me senti sugada para fora da minha existência e afogada nas águas escuras anunciadas pelo seu olhar. 
Haviam trevas em meio a sua luz. O doce equilíbrio entre o ser "humano" e ser "fantasia”. 
Ao mesmo tempo que é "Sim", é também "Não". Ao mesmo tempo que é "Vida", é também "Morte.". 
A personificação do sonho utópico de entender o paradoxo do sentir Amor, do sentir Amar. 
Ou talvez não seja nada disso.. porque também faz sentido pensar assim. 
Entre sons, sentidos e poesia..
Uma dança triste..
"Seus olhos de comer fotografia". 
Me enxergo neles, ao mesmo tempo que não os vejo.
Que eu me transborde do toque do seu olhar, ainda que não possa vê-lo, ainda que não seja real. 
Afinal de contas, o que é real? 
As fadas, estão lavando roupa nos quintais sem flores dessa terra cor de cinza. 
Os duendes batem seus pontos nos escritórios tristes dessa floresta de concreto e aço. 
Os dragões alimentam o fogo da alma daquelas vozes tristes que pedem esmolas nas ruas de gelo e dor. 
Isso é real. 
Uma vez ouvi dizer que Platão concebia o amor como algo desprovido de paixões, que o Amor não se fundamentava na vontade e sim na virtude.
Isso é real?
Eu me perdi no vale de sombras que há entre seus olhos e seu coração, e não consegui achar a pedra bruta que disseram estar por ali. Não. Encontrei flor.. encontrei flor.. E esta flor emitia o aroma capaz de transformar noite em dia, de transformar Yin em Yang.. de nos fazer dois, enquanto somos um. Aroma que nem mesmo Süskind seria capaz de fazer Grenouille replicar.. ainda que seu romance virasse uma novela de infinitos capítulos.
Infinitos capítulos.. como nessa história em quadrinhos fantasiada de conto de fadas que insistimos ser a nossa. Contos de fada sempre tem finais felizes.. mas histórias em quadrinhos podem acabar em meio a sangue e guerra.. isso nós esquecemos de nos contar.

Hoje eu acordei pensando nos seus olhos..
Hoje eu acordei e olhei pra você.. e eu não estava ali.
Hoje eu acordei e seus olhos viraram fotografia.. fria e sem vida, daquelas que colocamos na parede apenas para cobrir os buracos que o desgaste do tempo causou.

Dia estranho.


em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas

o outro
que há em mim
é você
você
e você

assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós


Paulo Leminki, em Contranarciso

7 de janeiro de 2014

happy new year!


Em qual espelho ficou perdida a sua face? 
Em qual labirinto você prendeu a sua essência? 
Seguir em frente de olhos fechados não é diferente de permanecer no mesmo lugar.. antes tivesse permanecido. O cansaço e a dor seriam menores agora. 

"Se não for pedir muito, não seja tão pouco."

E, assim, no meu corpo eu fui fera, aprisionada, jeito triste de se morrer. Jeito fácil de esquecer? Não, por hoje não. 
A chuva lá fora diz aquilo que o silêncio cala.. É preciso jorrar, é preciso que as nuvens se esvaziem.. do contrário, não haverá sol.

Sobre a intensidade, eu sinto. 
Sobre o amor, eu temo. 
Sobre sentir, me calo. 

Te vejo nos meus sonhos, com tua cara lavada.. te tenho em minhas mão, mas é você o maestro dessa melodia insensata, com acordes com cheiro de sangue. - coisa velha..gente velha.. amor velho. 

"Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo, quem roubou nossa coragem?" 

Escuto vozes, leio poesias e a vida vai passando.. Limites.. reservas.. presenças.. ausências.. Não.. não é isso. Não era disso que estava nos poemas.. 
Onde foi parar a poesia? 
Aceito a condição de não haver condição alguma. Quero apenas deitar, e fechar os olhos e dormir, e sonhar, e viver, e sentir.. e ... POESIA.  

Happy New Year!! 

O vermelho está cada dia mais opaco...
As flores já não são mais as mesmas e o jardim não possui mais tantas cores. 
Nem mesmo a melancolia permanece. E as lágrimas, o que fizeram das lágrimas? Elas foram embora.. no escuro da noite, sobre o travesseiro frio.. não há mais a companhia delas.. há apenas o vazio de uma mente pateticamente solitária. 
P a t e t i c a ! 

Todos esses tolos sentimentos.. todas essas infundadas esperanças. Acorde! Acorde! 
É tempo de acordar.
Não se pode voltar no tempo.. não se pode reviver os mesmos erros. 

Happy New Year!! 

"Talvez Ok seja o nosso SEMPRE" 
Ou talvez você nunca tenha um SEMPRE... conforme-se. 

É como um labirinto, com armadilhas em cada nova bifurcação. É como tentar atravessar as cegas o interior de um dragão em chamas. É como tentar viver, sem precisar morrer um pouco a cada novo dia. 

"Você é a minha cura, se é que alguém tem cura. Você quer que eu cometar uma loucura? Se você quiser, COMETA!!"

Erros, acertos, passado, futuro, beijos, abraços, dor, fracasso, felicidade.. VIDA. 
Tudo novo de novo?
Pode ser.. 

Desde que haja poesia. 

HAPPY NEW YEAR!! 

26 de agosto de 2013

crap

Ok, vamos lá! 

Está difícil.. não deveria ser difícil! 
Será que estou perdendo uma das únicas coisas que me mantinham de pé no meio de toda essa turbulência de sensações e tentações? 
Não.. eu não permito. 
"Textos sempre na terceira pessoa.." 
Como um assassino psicótico, que sempre prefere admirar sua obra.. citar o autor, ao invés de se identificar como o próprio.. Faz parecer mais sério, dá uma certa classe. 
Seria triste dizer que me sinto arremessada entre as realidades paralelas que eu mesa construí. Que não consigo encontrar a chave para porta que esconde a realidade da qual tanto fugi. Patético, de certa forma. 
Tentar escapar de si mesmo, de sua própria natureza.. de seus próprios instintos.. Welcome to the jungle! 
Não me causa mais dor.. não. O meu medo agora é de nunca mais conseguir fazer o sentimento voltar. Meu medo é não sentir mais o medo. 
Toda a intensidade que me ligou a você, se esvaiu. Você a retirou de mim, com poucas palavras ditas em uma noite longa, em uma realidade tão distante dessa. Uma realidade onde eu me arriscava.. onde eu te questionava se havia o desejo da volta. Uma realidade que não era a minha. 
Tanta coisa me doía... Teus desejos, tuas vontades, teus jeitos e trejeitos. Porque eu sabia que não seriam mais minhas.. 
Mas será que eu realmente as queria? Um amor platônico é refúgio para os covardes. 
"Nunca será meu".. "sofrimento"... "blábláblá.."
Muito fácil se entregar a um sentimento que sabemos não ser correspondido. Cômodo. Porque enquanto isso, podemos deitar a cabeça no travesseiro e pensar que somos nós as vítimas.. que a vida não é justa.. ao invés de assumirmos de fato o que somos e como o somos.  É mais difícil aceitar que fomos nós os reais culpados. Que nós jogamos fora, enquanto podíamos abrigar.. e agora, reviramos as latas de lixo em uma busca absurdamente insana e pobre. É fácil não ter vergonha de rastejar quando a coroa é negada por nós mesmos. 
Isso é doentio. 
E é um ciclo.. vicioso.. entorpecedor.. necessário. 
Estúpido.. Como esse texto. 

"Entra pra ver, mas tira o sapato pra entrar. Cuidado que eu mudei de lugar algumas certezas"


1 de julho de 2013

Don't let me down



Ponto final.
Dificuldade com esse amigo. Gosto de vírgulas, interjeições, gosto de reticências.. Exclamações e interrogações. Mas o ponto final sempre me perseguiu,sempre me magoou, sempre me entorpeceu.
Tenho medo.. Deus, como tenho medo.
Queria poder dizer que vivi intensamento os desejos mais intensos.. mas não. Fugi de todos eles.
Vejo crianças apaixonadas, vejo adultos inebriados com sua própria solidão. Certo ou errado? Bom ou ruim?

"Quando a gente conversa, contando casos, besteiras. Tanta coisa em comum, deixando escapar segredos.."
Bom é edredom, bom é abraço, de amor ou de amigo, não importa, desde que seja sincero. Bom é a certeza da incerteza do próximo minuto.
Queria um significado. Queria abrir o dicionário e encontrar a definição exata. Queria saber se essa definição também pode ser aplicada a você.
Queria, ao menos,entender.

"E eu não sei em que hora dizer, me dá um medo.. Que medo!"


O inesperado que sempre esperei. As palavras que sempre quis ouvir e que tanto busquei em outras pessoas. Não faria sentido explicar tudo agora.. Aqui dentro tudo é bem confuso.
As noites sem dormir e as lágrimas no travesseiro viraram rotina.. AGAIN.
Tudo bem, a solidão é sempre meu refúgio. Me fechar sempre foi minha solução.
Tola!
A falta de um beijo, de um abraço e de um perfume que domina a minha alma nos momentos mais indevidos. Vontade de correr, abrir espaço entre meus medos - e teus medos - e .. e fazer o quê?


"E eu já nem sei se eu tô misturando.. Eu perco o sono, lembrando em cada riso teu qualquer bandeira.."

Não faço parte do fim dessa história..
Não gosto de ilusões, gosto de fatos, gosto de tocar, gosto de cheiros. Se você não puder me dar... não alimente o animal que vive aqui dentro. Sei que no final as garras da esfinge me trucidarão.. sei que no final, só os bons vencem seus mistérios.. No final, meu sangue estará jorrando, e o enigma ainda estará ali mantendo o leão de pé.

Preciso dormir.

"..e a esfinge da espera, olhos de pedra sem pena de mim."

2 de maio de 2013

no sense

"É como a poesia, que fica mais bonita quando melancólica"

Não tenho medo de sentir dor, de assumir minha tristeza, mesmo quando não há motivos para tal.
É tua zona de conforto, certo?
São tantas contradições, tão difícil colocá-las no papel.. Os olhos já estão cansados e as mãos já não obedecem.
Olhar de fora, assistir a vida passar, como expectadora fiel, mesmo que alguns personagens a desagradem.

"(...) Girl, you got to change your crazy ways, you hear me?"

Deixo a porta aberta e o perfume das rosas invade a minha alma. Ouço o ruído da noite e é difícil não pensar em tudo aquilo que já foi..
Sem perdas!!!
Forte! Intenso! Poderoso! Egoísta! Como o sol...

"(...)Mon Soleil "

 Difícil ordenas as coisas.
Medo, perdas e a insegurança de uma vida inteira.


"(...) e balbucia, não fala.."

Olhar de forma racional para o sentimento - isso faz algum sentido?
Querer de forma surreal o que já se tem..

Apenas um pirata navegando em mares perigosos, aguardando sua nova "vítima"...
..Roubar todo o ouro e deixar somente a solidão.

..Cobertores em um lugar bonito, risadas quando não é mais preciso.

"(...) E eu digo: Calma, alma minha, calminha. Você tem muito que aprender!!"

Minha cabeça me destrói, minha mente está ocupada demais tentando achar uma forma de me destruir para se importar com o sentimento que grita forte.. Alto!
Não... não, não é isso!

Riscar as palavras não fará com que elas sejam apagadas dentro de você, sua tola!!

Até quando?!

  "(...) E adoro os efeitos sonoros de quando você sussurra absurdos no ouvido do meu coração.."


Só um abraço. Abraço forte! Só por hoje, só por agora... só por mim.


10 de março de 2013

noite de chuva.




A chuva vai caindo lá fora, aqui dentro, o silêncio das tantas vozes que gritam dentro de mim.
Se eu acreditasse em sorte, diria que esse seria um bom período para começar a ter alguma, mas nem nisso eu acredito.
É como assistir um filme de terror, onde as cenas assombrosas, não são intercaladas por momentos suaves ou vácuos inusitados. 
Porrada atrás de porrada. 
Ninguém se importa se estou sangrando, se meus pés já não conseguem sustentar o meu corpo. Não se importam se as feridas estão tão profundas que já não cicatrizam mais. 
Não, eles simplesmente continuam batendo. Batendo, batendo. Socos.. pontapés.. Dor. 
Eu só queria que parasse. Que o filme chegasse ao final, e os créditos subissem, confiando á cada um, o reconhecimento que merecem por tão dantesca obra. 
Há um constante odor pútrido exalando dessas almas ensandecidas. Há a constante intervenção do ato patético, porém melífluo, da hipocrisia condescendente..
CHEGA! Enfrente os seus medos! 
Não há como lutar por mudanças sem deixar alguns corpos ensaguentados e sem vida pelo caminho. Não há como se entregar ao passional sem que sejam derramadas doses e mais doses da própria dor.
Quero lutar mais, quero modificar todo esse filme... Mas como? 
Minha fraqueza é o que me sustenta. Meus medos são aquilo que sou. 
Preciso gritar o amor sufocado, me jogar em teus braços e me perder dentro de mim... 
Por ora, entretanto, ficarei por aqui. Deitada, aguardando que você se faça presente, enquanto escuto o barulho da chuva e converso com o meu silêncio.



“Honey why are you calling me so late? It's kinda hard to talk right now. Honey why are you crying? Is everything okay? I gotta whisper cause I can't be too loud. (…) It's really good to hear your voice, saying my name, it sounds so sweet. Coming from the lips of an angel, hearing those words it makes me weak.. and I never wanna say goodbye..”
Lips of  an Angel - Hinder