28 de setembro de 2011

Just a dream

... as pétalas da rosa já estão apodrecidas, ressecadas e quebradiças. Mas os espinhos continuam fortes, perfurando-me e fazendo-me sangrar nos raros momentos em que nossos olhares se cruzam. 
.. mais uma vez o torpor, mais uma vez o isolamento. Eu estou gritando, sufocando, me afogando em meio as nossas mentiras. Eu não precisava delas, você não precisava delas.
.. nosso castelo de farsas foi destruído por uma verdade devastadora:  Tudo não passou de um sonho! 
... "Amor da minha vida'' - Eu queria poder dizer que acredito. Mas a dor em meu peito e as lembranças que trago, me fazem ver que eram apenas migalhas, pequenas porções de ilusão. 
.. ontem a música tocou, e o fogo rompeu minha sanidade. Não havia estrelas no céu, não havia Lua me acompanhando. Tudo era negro. Tudo era falso. Foi só um sonho. Agora? É o despertar, com a sensação de noite mal dormida. Agora é acordar e ver o caos que segue destruindo a realidade. ...Eu sequer percebi que era o sonho.
Pra ser sincera, eu fico feliz em acordar.


''Pra ser sincero eu não espero que você minta. 
Não se sinta capaz de enganar, quem não engana a si mesmo.''

7 de setembro de 2011

Lolita

No caminho de volta para casa, ontem, me peguei observando uma menina. Ela era nova, devia ter uns 12 anos no máximo. Ruiva. Linda. 

Ela estava sozinha, e isso me trouxe receio e apreensão. Não gosto de ver crianças andando sozinhas, muito menos ás dez da noite. Mas ela era muito segura de si, muito mais segura do que eu jamais fui. Ela tinha uma beleza muito peculiar, seus cabelos ruivos, encaracolados, cheios e rebeldes, encobriam seu rosto cheio de sardas discretas. 
Todos, todos os homens que passavam por ela a olhavam. Alguns de forma discreta, com carinho. Outros com um desejo reprimido, a olhavam com todo o receio do mundo. As mulheres também a olhavam, e a inveja estava quase que palpável no ambiente.
Não havia maquiagem na pele da menina, não havia perfume exalando de seu corpo. E suas roupas não favoreciam  suas curvas. A menina não tinha curvas. Ela era apenas uma menina. 
Mas ela sabia da influencia que exercia sobre as pessoas, principalmente sobre os homens, pelo menos era isso que eu sentia ao olhar para ela. A forma como ela se movia, baixava seu olhar. Tudo não passava de um jogo. 
Agora eu entendia. 
Antes de descer do ônibus, lancei uma ultima olhada para a menina, e ela me sorriu.
Não sei quem ela era, não sei seu nome, não sei porque ela estava sozinha. 
O que sei, é que, para mim, durante alguns minutos, e talvez por toda a minha vida, ela fora Lolita. 
E tudo começou a fazer sentido novamente. 



'' Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta'' 
 Lolita -  Vladimir Nabokov