15 de outubro de 2009

Sutil

Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
                                                    Fernando Pessoa



Eu insisto em acreditar.
A ilusão de um amor, a ilusão de uma felicidade. Sempre me concentro no mundo e me esqueço de mim mesma.  Um mundo de paisagens, movimentos, detalhes grotescos.
Humildemente ofereço meu corpo, meu sangue. Esse corpo coberto de dores. Uma coletânea de emoções e mentiras que o mundo o condicionou a ter.
Nem mesmo o amor,o mais padronizado tabu, se encaixa na teia de ardilosas maluquices projetadas por mim. Vou além dos padrões, sempre vou. Minhas aleatoriedades são um modo de fugir do fim de tudo aquilo a que me entrego completa e desesperadamente. Fugir, mesmo que para lugares indiscretos. Lugares  que me fazem esquecer a sutil condição do acerto de contas quando tudo, enfim, acabar
Falo, mesmo que com palavras incoerentes. Frases soltas e pelo avesso. Vivo, mesmo quando o meu maior desejo é morrer.