13 de fevereiro de 2013

a marca de uma lágrima insone.

"(....)Mas não tema o meu querido que esse amor desapareça, porque ele é amado ao mesmo tempo por um corpo e uma cabeça. O corpo ele pode beijar,cheirar, fazer do corpo mulher, mas a cabeça o possui, manipula, e faz dele o que quer! (...)Assinei com minhas lágrimas cada verso que lhe dei, como se fossem confetes de um carnaval que eu não brinquei. Mas a cabeça apaixonada delirou foi farsante, vigarista, mascarada. Foi amante, entregando-lhe outra amada, foi covarde que amando nunca amou!" 
Pedro Bandeira, em A Marca de Uma Lágrima.

Foi covarde que amando nunca amou, foi covarde que amando nunca se deixou ser amada. 
É inacreditável o dom daquela menina de afastar todas as pessoas dela. Qualquer pequena insinuação de sentimento é rapidamente rebatida com um bruto rompimento de ligação. 
Ela sente, sim.. Claro que sente, também é humana. Mas demonstrar, dizer.. Não.. Isso não. 
O medo e a insegurança sempre falam mais alto, em todos os momentos. Ela se conhece, ela sabe que não conseguiria. 
Romper as barreiras e bloqueios impostos por ela mesma seria demais. Durante toda uma vida, cada vez que seus sentimentos falaram mais alto, havia dor, havia raiva, havia perdas. Ela não iria cair nas garras dessa fera de duas temíveis cabeças. Porque elas a perfurariam e não haveria como escapar. 
O calor do sentimento não seria capaz de combater a frieza com que ela encarava a realidade.Talvez ela até fosse uma sonhadora, talvez ela até criasse um mundo o amor não era seu pior inimigo.. Mas demonstrar isso estava muito além de suas possibilidades. 
O coração palpitava na presença do amado, mas a cabeça o ignorava e prosseguia firmemente, mantendo o sorriso naqueles lábios que antes aquietavam-se com beijos quentes e intermináveis. 
Um jogo de duas paralelas, interligadas em alguns pontos, mas diferentes em sua essência. Não tem como voltar atrás, não tem como fazer de novo, e ela não queria isso. 
O novo se aproximava agora, cada vez mais. Um toque nas mãos, um sms na madrugada, um abraço tímido na frente dos amigos, perguntas bobas.. Mãos quentes. Cabe somente á ela decidir se, dessa vez, as linhas paralelas se entrecruzarão e formarão uma só, para um único fim, para uma única sorte.